"A morte é a mudança completa de casa sem mudança essencial da pessoa". Chico Xavier

quarta-feira, 20 de abril de 2011

INFORMAÇÕES SEM PROVEITO

Não resta dúvida de que, na atualidade, o Espiritismo é a doutrina que enseja ao homem na Terra o maior número de informações concernentes à realidade da Vida.
 Digo-lhes que aqui mesmo, no Plano Espiritual, não há o que mais e melhor nos informe sobre a Verdade que buscamos quanto a Doutrina Espírita tem oportunidade de fazê-lo. Sim, porque, além da morte do corpo, as perguntas que prosseguimos formulando em torno dos enigmas da Criação Divina, em essência, são idênticas às que formulávamos quando encarnados.
 Para alguns de nós, os desencarnados, sair do corpo, significa apenas e tão somente conhecer um centímetro a mais da infinita estrada que nos compete percorrer!
Diria mesmo a vocês que a desencarnação não diminui o número de perguntas para as quais ansiamos respostas que nos satisfaçam à razão – antes, aumenta-as consideravelmente, porque, então, o horizonte de nossas percepções se alarga e o Universo se nos revela bem mais amplo e profundo.
Neste Outro Lado, tudo é maior e mais complexo, mais sábio e belo! Somos tomados por um sentimento de reverência pelo Criador que a palavra humana não consegue traduzir...
Não obstante, desejaria fazer aos amigos uma ressalva:
- se, de fato, na condição de adeptos do Espiritismo, detemos inapreciável quantidade de informações, que nos concede maior agilidade intelectual ao espírito, infelizmente, não estamos sabendo utilizá-las em nosso benefício!
Qualquer informação que não se faça luz em nossos caminhos, arredando as trevas de nossos passos imprecisos, fazendo com que nos abeiremos do abismo que se escancara adiante, nos é praticamente inútil para evitar a queda iminente.
Assim, convençamo-nos de que estar bem informados nem sempre se traduz por estarmos informados do bem que nos compete fazer, na demonstração viva daquilo que desejamos incorporar ao nosso patrimônio de sabedoria.
Muitos sabem muito do Espiritismo prático, mas poucos sabem alguma coisa do Espiritismo praticado.
E quando nos referimos a Espiritismo praticado, não estamos fazendo a menor referência à prática de natureza mediúnica, que, ante o Espiritismo praticado, é quase totalmente obsoleta.
Dias atrás, escutando um amigo com grave problema de depressão, pudemos ouvi-lo dizer que estava procurando a sua cura no exercício da mediunidade... Naquele momento, não sei de onde me soou uma voz na acústica da alma (sim, espírito também ainda é alma!) que me pedia dizer a ele: “Mediunidade não cura ninguém; o que cura é a Caridade!...”.
E completei:
“Em vez de o senhor receber espíritos desencarnados, acolha os espíritos encarnados... Deixa que, neste Outro Lado, bem ou mal, nós damos conta do recado!...”.
Sinceramente, não sei se ele entendeu, ou se mesmo vocês estão estendendo – espero que sim, pois, caso contrário, não sei se conseguiria mais bem explicar o que pretendo.
O certo é o seguinte: nos Centros Espíritas, em geral, está sobrando Espiritismo prático e faltando Espiritismo praticado!
Tratemos, pois, nos Dois Lados da Vida, de colocar as informações que possuímos para “jambrar”, porque não foi outra coisa o que quis dizer Jesus quando nos advertiu: “Muito se pedirá àquele a quem muito se houver dado...”.
Com o meu fraternal abraço,
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 5 de abril de 2011.


















A ÚLTIMA HORA

Documentário produzido e narrado por Leonardo di Caprio sobre a questão ambiental, inicia-se com imagens de impacto, mostrando ações humanas e suas conseqüências para o Planeta e para a própria humanidade.

Pesca predatória, queimadas, exploração das florestas, degelo, emissão de gases poluentes na atmosfera, extinção de espécies animais, subnutrição, epidemias, maremotos, congestionamentos monstruosos...

Há um pouco de tudo aquilo que estamos impingindo a Terra ao longo de toda a nossa existência, em especial desde o advento do industrialismo como sistema econômico vigente.

Levando em conta que isso representa apenas uma reduzida parte de nossa experiência como espécie, a agressão e a velocidade por nós imposta ao ambiente assumem dimensões ainda maiores.

A ferocidade com que estamos devastando as florestas, poluindo o ar, jogando dejetos nos oceanos, extinguindo animais ou promovendo o degelo das regiões polares é assustadora.

Se pudéssemos comparar com situações mais tangíveis poderíamos dizer que estamos numa luta de boxe em que os oponentes são o campeão mundial dos pesos pesados num dos corners da arena onde a luta acontecerá e no outro, como seu oponente, uma criança em idade pré-escolar.

Trata-se realmente de um massacre sem precedentes.





VISÃO DE EURÍPEDES

Começara Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da caridade, em Sacramento, no Estado de Minas Gerais, a observar-se fora do corpo físico, em admirável desdobramento, quando, certa feita, à noite, viu a si próprio em prodigiosa volitação.

Embora inquieto, como que arrastado pela vontade de alguém num torvelinho de amor, subia, subia...

Subia sempre.

Queria parar, e descer, reavendo o veículo carnal, mas não conseguia.

Braços intangíveis tutelavam-lhe a sublime excursão. Respirava outro ambiente.

Envergava forma leve, respirando num oceano de ar mais leve ainda...

Viajou, viajou, à maneira de pássaro teleguiado, até que se reconheceu em campina verdejante.

Reparava na formosa paisagem, quando não longe, avistou um homem que meditava, envolvido por doce luz.

Como que magnetizado pelo desconhecido, aproximou-se...

Houve, porém, um momento, em que estacou, trêmulo.

Algo lhe dizia no íntimo para que não avançasse mais...

E num deslumbramento de júbilo, reconheceu-se na presença do Cristo.

Baixou a cabeça, esmagado pela honra imprevista, e ficou em silêncio, sentindo-se como intruso, incapaz de voltar ou seguir adiante.

Recordou as lições do Cristianismo, os templos do mundo, as homenagens prestadas ao Senhor, na literatura e nas artes, e a mensagem d’Ele a ecoar entre os homens, no curso de quase vinte séculos...

Ofuscado pela grandeza do momento, começou a chorar...

Grossas lágrimas banhavam-lhe o rosto, quando adquiriu coragem e ergueu os olhos, humilde.

Viu, porém, que Jesus também chorava...

Traspassado de súbito sofrimento, por ver-lhe o pranto, desejou fazer algo que pudesse reconfortar o Amigo Sublime...

Afagar-lhe as mãos ou estirar-se à maneira de um cão leal aos seus pés...

Mas estava como que chumbado ao solo estranho...

Recordou, no entanto, os tormentos do Cristo, a se perpetuarem nas criaturas que até hoje, na Terra, lhe atiram incompreensão e sarcasmo...

Nessa linha de pensamento, não se conteve.

Abriu a boca e falou suplicante:

- Senhor, por que choras?

O interpelado não respondeu.

Mas desejando certificar-se de que era ouvido, Eurípedes reiterou:

- Choras pelos descrentes do mundo?

Enlevado, o missionário de Sacramento notou que o Cristo lhe correspondia agora ao olhar.

E, após um instante de atenção, respondeu em voz dulcíssima:

- Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos amor.

Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam...

Eurípedes não saberia descrever o que se passou então.

Como se caísse em profunda sombra, ante a dor que a resposta lhe trouxera, desceu, desceu...

E acordou no corpo de carne.

Era madrugada.

Levantou-se e não mais dormiu.

E desde aquele dia, sem comunicar a ninguém a divina revelação que lhe vibrava na consciência, entregou-se aos necessitados e aos doentes, sem repouso sequer de um dia, servindo até a morte.

(Obra: A Vida Escreve - Chico Xavier / Hilário Silva)


Não te esqueças de que Jesus jamais se desespera conosco e, como que oculto ao nosso lado, paciente e bondoso, repete-nos de hora a hora:

- Ama e auxilia sempre.

Ajuda aos outros, amparando a ti mesmo, porque se o dia volta amanhã, eu estou contigo, esperando pela doce alegria da porta aberta de teu coração.



(Obra: Vida e Caminho - Chico Xavier / Emmanuel)

terça-feira, 19 de abril de 2011

VIOLÊNCIA NA ESCOLA

Amigos vários nos têm escrito solicitando que digamos algo em torno do acontecimento que, nos últimos dias, abalou o Brasil, quando mais de uma dezena de crianças foram mortas numa escola do Rio de Janeiro.

Lamentamos profundamente o ocorrido e nos solidarizamos com as famílias que foram diretamente vitimadas.

No entanto, temos percebido que o assunto tem sido tratado de maneira superficial por alguns órgãos de comunicação, que, explorando os efeitos, abriram manchetes, sem se deter na análise das causas que motivaram a chacina.

Opiniões apaixonadas têm sido emitidas, com o infeliz criminoso sendo rotulado de “animal”, “monstro”, “pervertido”, e outras terminologias através das quais a sociedade costuma destilar o seu ódio e ignorância sobre as pessoas que se fizeram instrumento de seu descaso em relação aos seus próprios filhos.

Advirto aos apressados que não compareço nestas linhas tomando a defesa de ninguém em particular – estou escrevendo em defesa de nossa própria espécie, ameaçada de extinção por nós mesmos!

Sei que os espíritos das crianças que foram sumariamente executadas estão sob a tutela espiritual dos que por elas se interessam e, no Mais Além, embora os traumas que lhes ficarem por sequelas, exigindo tratamento, a vida para cada uma delas haverá de seguir de acordo com os inelutáveis Desígnios do Criador.
Infelizmente, porém, o rapaz, de pouco mais de vinte anos de idade, não foi o primeiro e nem será o último “assassino em série” que os homens, com a sua indiferença social, e espiritual, têm produzido.

Antes de ser chamado de “animal”, “monstro” e “pervertido”, a verdade é que ele deveria ser considerado na condição de um espírito profundamente enfermo, que se desenvolveu a mercê das circunstâncias adversas: filho de mãe esquizofrênica, vítima de chacotas dos colegas na própria escola em que cometeu tamanho desatino, extremamente suscetível a influencia de natureza obsessiva, em conexão com o fanatismo religioso, e vai por ai afora...

Ele, pois, em minha opinião, deve ser visto como uma resultante moral da própria sociedade enferma e hipócrita, que faz de conta que tudo está bem, quando, em verdade, quase nada está bem.

Este jovem que, conforme dissemos, era filho de uma senhora doente deveria estar sendo psicologicamente assistido pelo Estado, que, na própria escola em que ele estudou, teve oportunidades inúmeras para fazê-lo, e não o fez.

A semelhança dele, quantos poderão estar em gestação neste exato momento, recebendo incentivos ao crime, inclusive, através da impunidade generalizada que impera no País e, convenhamos, das imagens muito pouco educativas que a Televisão divulga sem escrúpulos a qualquer hora do dia ou da noite?

E os cépticos de plantão ainda questionam onde é que estava Deus, que não evitou que aquelas crianças fossem imoladas...

Sem a pretensão de respondê-los, mesmo porque não adiantaria muito, digo-lhes que Deus estava e está extremamente ocupado tentando deter o braço marginal de milhares de outros doentes que, neste exato momento, no mundo todo, estão prestes a cometer o mesmo ato tresloucado, desde se precipitar com aviões sobre as Torres Gêmeas, em Manhattan, quanto descarregar revólveres sobre alunos indefesos da Escola Municipal “Tasso da Silveira”, em Realengo, no Rio de Janeiro.

E como não havia ninguém por perto, antes e nem depois, a fim de anular o ímpeto criminoso daquele espírito perturbado, que ninguém sabe quando há de voltar à sanidade para se redimir de seus erros, Deus também teve que se valer, com certeza muito a contragosto, da pronta ação de um policial nas imediações para impedir que o desastre atingisse maiores proporções.

Miseráveis somos nós que, sobre a Terra, a proteção de Deus, em benefício dos homens que não se respeitam e não se protegem, tem que ser vista no gatilho de um revólver!...


INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 19 de abril de 2011.