Ascese sf. Exercício prático
que leva à efetiva realização
da virtude.
Por isso a escolha do nome. E
para ser virtuoso devemos
desenvolver a iniciativa, a
perseverança, a criatividade
para saber lidar com as
adversidades e a ousadia para
se sair do comum.
Essa é a proposta deste
espaço, um caminho que possamos trilhar, em conjunto.
Seja Bem-Vindo!
Não resta dúvida de que, na atualidade, o Espiritismo é a doutrina
que enseja ao homem na Terra o maior número de informações concernentes à
realidade da Vida.
Digo-lhes que aqui mesmo, no Plano Espiritual, não há o que mais e
melhor nos informe sobre a Verdade que buscamos quanto a Doutrina Espírita tem
oportunidade de fazê-lo. Sim, porque, além da morte do corpo, as perguntas que
prosseguimos formulando em torno dos enigmas da Criação Divina, em essência, são
idênticas às que formulávamos quando encarnados.
Para alguns de nós, os desencarnados, sair do corpo, significa
apenas e tão somente conhecer um centímetro a mais da infinita estrada que nos
compete percorrer!
Diria mesmo a vocês que a desencarnação não diminui o número de
perguntas para as quais ansiamos respostas que nos satisfaçam à razão – antes,
aumenta-as consideravelmente, porque, então, o horizonte de nossas percepções se
alarga e o Universo se nos revela bem mais amplo e profundo.
Neste Outro Lado, tudo é maior e mais complexo, mais sábio e belo!
Somos tomados por um sentimento de reverência pelo Criador que a palavra humana
não consegue traduzir...
Não obstante, desejaria fazer aos amigos uma
ressalva:
- se, de fato, na condição de adeptos do Espiritismo, detemos
inapreciável quantidade de informações, que nos concede maior agilidade
intelectual ao espírito, infelizmente, não estamos sabendo utilizá-las em nosso
benefício!
Qualquer informação que não se faça luz em nossos caminhos,
arredando as trevas de nossos passos imprecisos, fazendo com que nos abeiremos
do abismo que se escancara adiante, nos é praticamente inútil para evitar a
queda iminente.
Assim, convençamo-nos de que estar bem informados nem sempre se
traduz por estarmos informados do bem que nos compete fazer, na demonstração
viva daquilo que desejamos incorporar ao nosso patrimônio de
sabedoria.
Muitos sabem muito do Espiritismo prático, mas poucos sabem alguma
coisa do Espiritismo praticado.
E quando nos referimos a Espiritismo praticado, não estamos fazendo
a menor referência à prática de natureza mediúnica, que, ante o Espiritismo
praticado, é quase totalmente obsoleta.
Dias atrás, escutando um amigo com grave problema de depressão,
pudemos ouvi-lo dizer que estava procurando a sua cura no exercício da
mediunidade... Naquele momento, não sei de onde me soou uma voz na acústica da
alma (sim, espírito também ainda é
alma!) que me pedia dizer a ele: “Mediunidade não cura ninguém; o que cura é
a Caridade!...”.
E completei:
“Em vez de o senhor receber
espíritos desencarnados, acolha os espíritos encarnados... Deixa que, neste
Outro Lado, bem ou mal, nós damos conta do recado!...”.
Sinceramente, não sei se ele entendeu, ou se mesmo vocês estão
estendendo – espero que sim, pois, caso contrário, não sei se conseguiria mais
bem explicar o que pretendo.
O certo é o seguinte: nos Centros Espíritas, em geral, está
sobrando Espiritismo prático e faltando Espiritismo praticado!
Tratemos, pois, nos Dois Lados da Vida, de colocar as informações
que possuímos para “jambrar”, porque não foi outra coisa o que quis dizer Jesus
quando nos advertiu: “Muito se pedirá
àquele a quem muito se houver dado...”.
Documentário produzido e narrado por Leonardo di Caprio sobre a questão
ambiental, inicia-se com imagens de impacto, mostrando ações humanas e
suas conseqüências para o Planeta e para a própria humanidade.
Pesca predatória, queimadas, exploração das florestas, degelo, emissão
de gases poluentes na atmosfera, extinção de espécies animais,
subnutrição, epidemias, maremotos, congestionamentos monstruosos...
Há um pouco de tudo aquilo que estamos impingindo a Terra ao longo de
toda a nossa existência, em especial desde o advento do industrialismo
como sistema econômico vigente.
Levando em conta que isso representa apenas uma reduzida parte de nossa
experiência como espécie, a agressão e a velocidade por nós imposta ao
ambiente assumem dimensões ainda maiores.
A ferocidade com que estamos devastando as florestas, poluindo o ar,
jogando dejetos nos oceanos, extinguindo animais ou promovendo o degelo
das regiões polares é assustadora.
Se pudéssemos comparar com situações mais tangíveis poderíamos dizer que
estamos numa luta de boxe em que os oponentes são o campeão mundial dos
pesos pesados num dos corners da arena onde a luta acontecerá e no
outro, como seu oponente, uma criança em idade pré-escolar.
Trata-se realmente de um massacre sem precedentes.
Começara Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da caridade, em Sacramento, no Estado de Minas Gerais, a observar-se fora do corpo físico, em admirável desdobramento, quando, certa feita, à noite, viu a si próprio em prodigiosa volitação.
Embora inquieto, como que arrastado pela vontade de alguém num torvelinho de amor, subia, subia...
Subia sempre.
Queria parar, e descer, reavendo o veículo carnal, mas não conseguia.
Braços intangíveis tutelavam-lhe a sublime excursão. Respirava outro ambiente.
Envergava forma leve, respirando num oceano de ar mais leve ainda...
Viajou, viajou, à maneira de pássaro teleguiado, até que se reconheceu em campina verdejante.
Reparava na formosa paisagem, quando não longe, avistou um homem que meditava, envolvido por doce luz.
Como que magnetizado pelo desconhecido, aproximou-se...
Houve, porém, um momento, em que estacou, trêmulo.
Algo lhe dizia no íntimo para que não avançasse mais...
E num deslumbramento de júbilo, reconheceu-se na presença do Cristo.
Baixou a cabeça, esmagado pela honra imprevista, e ficou em silêncio, sentindo-se como intruso, incapaz de voltar ou seguir adiante.
Recordou as lições do Cristianismo, os templos do mundo, as homenagens prestadas ao Senhor, na literatura e nas artes, e a mensagem d’Ele a ecoar entre os homens, no curso de quase vinte séculos...
Ofuscado pela grandeza do momento, começou a chorar...
Grossas lágrimas banhavam-lhe o rosto, quando adquiriu coragem e ergueu os olhos, humilde.
Viu, porém, que Jesus também chorava...
Traspassado de súbito sofrimento, por ver-lhe o pranto, desejou fazer algo que pudesse reconfortar o Amigo Sublime...
Afagar-lhe as mãos ou estirar-se à maneira de um cão leal aos seus pés...
Mas estava como que chumbado ao solo estranho...
Recordou, no entanto, os tormentos do Cristo, a se perpetuarem nas criaturas que até hoje, na Terra, lhe atiram incompreensão e sarcasmo...
Nessa linha de pensamento, não se conteve.
Abriu a boca e falou suplicante:
- Senhor, por que choras?
O interpelado não respondeu.
Mas desejando certificar-se de que era ouvido, Eurípedes reiterou:
- Choras pelos descrentes do mundo?
Enlevado, o missionário de Sacramento notou que o Cristo lhe correspondia agora ao olhar.
E, após um instante de atenção, respondeu em voz dulcíssima:
- Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos amor.
Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam...
Eurípedes não saberia descrever o que se passou então.
Como se caísse em profunda sombra, ante a dor que a resposta lhe trouxera, desceu, desceu...
E acordou no corpo de carne.
Era madrugada.
Levantou-se e não mais dormiu.
E desde aquele dia, sem comunicar a ninguém a divina revelação que lhe vibrava na consciência, entregou-se aos necessitados e aos doentes, sem repouso sequer de um dia, servindo até a morte.
(Obra: A Vida Escreve - Chico Xavier / Hilário Silva)
Não te esqueças de que Jesus jamais se desespera conosco e, como que oculto ao nosso lado, paciente e bondoso, repete-nos de hora a hora:
- Ama e auxilia sempre.
Ajuda aos outros, amparando a ti mesmo, porque se o dia volta amanhã, eu estou contigo, esperando pela doce alegria da porta aberta de teu coração.
Amigos vários nos têm escrito solicitando que digamos algo em torno do acontecimento que, nos últimos dias, abalou o Brasil, quando mais de uma dezena de crianças foram mortas numa escola do Rio de Janeiro.
Lamentamos profundamente o ocorrido e nos solidarizamos com as famílias que foram diretamente vitimadas.
No entanto, temos percebido que o assunto tem sido tratado de maneira superficial por alguns órgãos de comunicação, que, explorando os efeitos, abriram manchetes, sem se deter na análise das causas que motivaram a chacina.
Opiniões apaixonadas têm sido emitidas, com o infeliz criminoso sendo rotulado de “animal”, “monstro”, “pervertido”, e outras terminologias através das quais a sociedade costuma destilar o seu ódio e ignorância sobre as pessoas que se fizeram instrumento de seu descaso em relação aos seus próprios filhos.
Advirto aos apressados que não compareço nestas linhas tomando a defesa de ninguém em particular – estou escrevendo em defesa de nossa própria espécie, ameaçada de extinção por nós mesmos!
Sei que os espíritos das crianças que foram sumariamente executadas estão sob a tutela espiritual dos que por elas se interessam e, no Mais Além, embora os traumas que lhes ficarem por sequelas, exigindo tratamento, a vida para cada uma delas haverá de seguir de acordo com os inelutáveis Desígnios do Criador.
Infelizmente, porém, o rapaz, de pouco mais de vinte anos de idade, não foi o primeiro e nem será o último “assassino em série” que os homens, com a sua indiferença social, e espiritual, têm produzido.
Antes de ser chamado de “animal”, “monstro” e “pervertido”, a verdade é que ele deveria ser considerado na condição de um espírito profundamente enfermo, que se desenvolveu a mercê das circunstâncias adversas: filho de mãe esquizofrênica, vítima de chacotas dos colegas na própria escola em que cometeu tamanho desatino, extremamente suscetível a influencia de natureza obsessiva, em conexão com o fanatismo religioso, e vai por ai afora...
Ele, pois, em minha opinião, deve ser visto como uma resultante moral da própria sociedade enferma e hipócrita, que faz de conta que tudo está bem, quando, em verdade, quase nada está bem.
Este jovem que, conforme dissemos, era filho de uma senhora doente deveria estar sendo psicologicamente assistido pelo Estado, que, na própria escola em que ele estudou, teve oportunidades inúmeras para fazê-lo, e não o fez.
A semelhança dele, quantos poderão estar em gestação neste exato momento, recebendo incentivos ao crime, inclusive, através da impunidade generalizada que impera no País e, convenhamos, das imagens muito pouco educativas que a Televisão divulga sem escrúpulos a qualquer hora do dia ou da noite?
E os cépticos de plantão ainda questionam onde é que estava Deus, que não evitou que aquelas crianças fossem imoladas...
Sem a pretensão de respondê-los, mesmo porque não adiantaria muito, digo-lhes que Deus estava e está extremamente ocupado tentando deter o braço marginal de milhares de outros doentes que, neste exato momento, no mundo todo, estão prestes a cometer o mesmo ato tresloucado, desde se precipitar com aviões sobre as Torres Gêmeas, em Manhattan, quanto descarregar revólveres sobre alunos indefesos da Escola Municipal “Tasso da Silveira”, em Realengo, no Rio de Janeiro.
E como não havia ninguém por perto, antes e nem depois, a fim de anular o ímpeto criminoso daquele espírito perturbado, que ninguém sabe quando há de voltar à sanidade para se redimir de seus erros, Deus também teve que se valer, com certeza muito a contragosto, da pronta ação de um policial nas imediações para impedir que o desastre atingisse maiores proporções.
Miseráveis somos nós que, sobre a Terra, a proteção de Deus, em benefício dos homens que não se respeitam e não se protegem, tem que ser vista no gatilho de um revólver!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 19 de abril de 2011.
domingo, 20 de março de 2011
"O nosso medo mais profundo, não é de que sejamos inadequados.
O nosso medo mais profundo, é que sejamos poderosos demais. É a nossa luz, não a nossa escuridão o que mais nos assusta.
Nós nos perguntamos. "Quem sou eu para ser brilhante, alegre, cheio de talentos e fabuloso?"
Na
verdade, quem é você para não o ser? Você é um filho de Deus. Fazer
menos do que pode não serve o mundo. Não há nada de luminoso no fato de
se encolher para que outras pessoas se sintam tão inseguras com você.
Nascemos
para manifestar a glória de Deus que está dentro de nós. Ela está não
só em alguns de nós, está em todos nós. E à medida que deixamos nossa
própria luz brilhar, inconscientemente damos permissão aos outros para
fazerem o mesmo.
À medida que nos libertamos do nosso medo, a nossa presença automaticamente liberta outros."
MEUS QUERIDOS IRMÃOS, QUE A PAZ DO CRIADOR ESTEJA EM VOSSOS
CORAÇÕES.
NESSA HORA EM QUE AS PESSOAS ENTRAM EM DESESPERO, E
PROCURAM POR RESPOSTAS PARA OS ACONTECIMENTOS TRÁGICOS QUE ASSOLAM O PLANETA,
TODO O CUIDADO É POUCO PARA NÃO SE DEIXAR ENVOLVER PELO SENTIMENTO DE PENA, OU
PELA NEGATIVIDADE EXIBIDA PELO NOTICIÁRIO, PARA QUE SUAS ENERGIAS NÃO SUCUMBAM
ANTE A NEGATIVIDADE REINANTE.
NÃO SE ESQUEÇAM DE QUE TUDO O QUE ESTÁ
ACONTECENDO, VOCÊS JÁ HAVIAM SIDO AVISADOS, E QUE ACONTECIMENTOS DE MAIORES
PROPORÇÕES ESTÃO POR ACONTECER. PORTANTO, MEUS IRMÃOS, É HORA DE ESTAR
CONSCIENTES DA IMPORTÂNCIA DO "ORAI E VIGIAI", POIS O EQUILÍBRIO EMOCIONAL E
ENERGÉTICO É FUNDAMENTAL PARA O NOSSO TRABALHO.
MANTENHAM A FÉ INABALADA DE
QUE TUDO ESTÁ SOB CONTROLE, E QUE POR MAIS DOLOROSO QUE POSSA PARECER, O QUE
ACONTECE É NECESSÁRIO PARA O BENEFÍCIO DO PLANETA.
NADA ACONTECE DE ERRADO,
NINGUÉM ESTÁ NO LUGAR ERRADO, NA HORA ERRADA. É SIMPLESMENTE A SEPARAÇÃO DO JOIO
E DO TRIGO QUE JÁ COMEÇA A SER FEITA EM MAIORES PROPORÇÕES.
FORTALEÇAM-SE
CADA VEZ MAIS PELA PRECE, POIS OS PRÓXIMOS TEMPOS SERÃO CADA VEZ MAIS DIFÍCEIS,
E O RESGATE DOS IRMÃOS QUE DEVERÃO AUXILIAR NO TRABALHO SERÁ FEITO COMO
PLANEJADO.
ESTAMOS TODOS A POSTOS, JÁ AUXILIANDO SEM NOS TORNARMOS VISÍVEIS
POR ENQUANTO, ATÉ RECEBERMOS ORDENS DO COMANDANTE DA OPERAÇÃO, JESUS, PARA UMA
AÇÃO MAIS OSTENSIVA.
CONTINUAMOS AO LADO DE CADA UM DE VOCÊS, PROTEGENDO E
ORIENTANDO, MAS NECESSITAMOS QUE VOCÊS ESTEJAM SEMPRE CONECTADOS.
QUE O AMOR
UNIVERSAL POSSA VIBRAR CADA VEZ MAIS NOS VOSSOS CORAÇÕES.
Trecho do livro Transição Planetária, de Manuel Philomeno de Miranda, psicografado por Divaldo P. Franco.
Antes das 20h, conforme os relógios terrestres, a sala se encontrava repleta. (...)
Recebêramos vagas informações a respeito do nobre Órion, que viria da
constelação do Touro, particularmente de uma das Plêiades, a fim de
apresentar-nos considerações relevantes a respeito do momentoso projeto
de reencarnações em massa, conforme vinha acontecendo no amado planeta,
desde a metade do século passado, e ora se intensificaria.
(...) A
seguir, solicitou ao Espírito Ivon Costa, abnegado divulgador do
Espiritismo durante a primeira metade do século passado, no Brasil, que
proferisse a prece inicial.
Observei que num dos lados da mesa, à
distância regular, duas entidades femininas com longas vestes vaporosas e
alvinitentes sentaram-se ao lado de um tubo formado por tênue claridade
que descia do teto...
O amigo
citado, visivelmente inspirado, com uma voz melodiosa como uma flauta
habilmente tocada, pôs-se em prece que acompanhamos em silêncio:
Jesus, Benfeitor nosso!
Enquanto o planeta
amado estertora no seu processo de aprimoramento evolutivo, padecendo
rudes provas e expiações, arrebatando os seus habitantes em direção a
sofrimentos inenarráveis, aqueles que aqui estamos reunidos e Te amamos,
suplicamos misericórdia, em face da inferioridade moral que predomina
em nossa natureza espiritual.
Desde há milênios que a
todos nos convocas para a construção do reino espiritual nas mentes e
nos corações, sem que hajamos atendido corretamente ao Teu chamado.
... Nas culturas e civilizações antigas, desde o período dos
sumérios, alguns de nós demo-nos conta do alto significado da existência
terrena, deixando-nos, porém, anestesias pelos vapores da matéria
enganosa...
Mais tarde, na Pérsia e em Nínive, tomamos conhecimento da
Verdade e dos seus mistérios, para logo os abandonarmos, seguindo as
turbas guerreiras de Dario ou de Salmanasar, conquistando terras e
disseminando a morte.
A nossa foi, então, a sementeira de sangue, de orfandade, de
viuvez, de ódio, e a colheita foram as dores acerbas e sem nome na
Babilônia e no Egito, que nos fascinaram com seus templos faustosos,
arrastando-nos depois para as derrotas sangrentas com Astiages e o
assassinato de Akenaton...
Transitamos pelos montes do Tibet e pelas planuras da Índia,
repetindo as lições do Mahabarata que nos emocionavam, sem que
conseguíssemos alterar a belicosidade infeliz que nos assinalava...
A China veneranda com Fo-Hi e os seus filósofos ensinou-nos
sabedoria, entretanto não nos arrefeceu a sede alucinada de poder sobre a
Mandchúria e os povos
vizinhos, que também a destroçaram várias vezes com seus carros de
destruição...
Atravessamos o deserto com Moisés, como o faríamos depois com
Esdra, por nobreza de Ciro para reconstruir o templo e reerguer
Jerusalém, e atacamos os filisteus e outros povos, semeando o terror,
malsinando, destruindo...
Atenas encantou-nos, desde os dias de Anaxágoras, depois, com as
lições de Sócrates, não impedindo, porém, que nos entregássemos, em
Esparta, à hediondez e às lutas incessantes...
Acompanhamos Cipião, o africano, como o fizéramos com Alexandre
Magno, o macedônio, e Aníbal, o cartaginês, embora conhecedores da
filosofia em torno da imortalidade e da interferência dos deuses em
nossa vida...
... E contigo, após ouvir-Te as lições de incomparável beleza,
abandonamos a fidelidade e convertemos a Tua doutrina em poder de
mentira, luxúria, hipocrisia e
desventura...
Assim, atravessamos a noite medieval, advertidos por mártires e santos, apegados à infâmia e ao horror.
Morremos e renascemos, vezes sem conta, despertando realmente
para a vida em abundância quando as claridades do Espiritismo nos
arrancaram da densa treva interior, da ignorância e do abismo da loucura
egotista... Houve uma pausa comovida. Todos respirávamos ao ritmo da narração evocativa, profunda e grave.
Logo depois, prosseguiu com o mesmo timbre de voz e com a mesma emoção: Mais
de uma vez, a Tua misericórdia sacudiu a barca planetária, qual
ocorreu, há pouco, através do tsunami, demonstrando a fraqueza dos
engenhos humanos e suas parcas possibilidades de conhecer os desígnios
de Deus, a fim de a todos despertar-nos em definitivo.
Novamente solicitaste o apoio de outros Espíritos para a grande transição
que logo mais terá lugar no mundo físico.
Permite-nos, agora, que o Embaixador de outra esfera, que
estamos aguardando, possa trazer-nos a Tua benção em nome do amor
universal, a fim de que, realmente conscientes, consigamos servir-Te com
discernimento e abnegação.
Aqui estamos, genuflexos e expectantes, a Teu serviço, de coração e mente abertos à verdade. Misericórdia, Senhor! Quando
silenciou, completara-se a materialização do visitante especial no tubo
de luz, graças à contribuição das médiuns que lhe ofereceram a
substância própria para o acontecimento.
Era de estatura um pouco mais alta que o terrícola padrão. Os
olhos pareciam duas estrelas fulgurantes no céu da face gentil. Os
movimentos corporais faziam-se harmônicos, quando saiu do lugar onde se
condensara...
(...) O nobre espírito agradeceu com um sorriso jovial e iniciou a
sua exposição: "– Veneráveis administradores, almas irmãs nossas de todas as dimensões:
– Saudamo-vos a todos em nome do Senhor do Universo.
–
Representando a formosa esfera de amor que se encontra instalada numa
das Plêiades, envolta em vibrações especiais constituídas de fótons que
formam uma luminosidade em tons azuis, aqui estamos, atendendo à
invitação do Sublime Governador do planeta terrestre.
"Embora sem condições de falar em nome dos nossos Guias
espirituais, trago o compromisso de contribuir convosco no programa de
elevação da Humanidade através da reencarnação de servidores do Bem,
adrede preparados para o mister sublime
"Esta não é a primeira vez que o mundo terreno recebe viajores
de outras moradas, atendendo à solicitação de Jesus-Cristo, qual
aconteceu no passado, no momento da grande
transição das formas, quando modeladores do vaso orgânico mergulharam
na densa massa física fixando os caracteres que hoje definem os seus
habitantes... Da constelação do Cocheiro vieram aqueles nobres
embaixadores da luz que contribuíram para a construção da humanidade
atual, inclusive outras inteligências, todavia, não moralizadas, que
após concluídos alguns estágios evolutivos retornaram, felizes, aos
lares queridos...
"Em outras oportunidades, luminares da Verdade submergiram nas
sombras do mundo terrestre, a fim de apresentarem as suas conquistas e
realizações edificantes, auxiliando os seus habitantes a crescer em
tecnologia, ciência, filosofia, religião, política, ética e moral...
Nada obstante, o desenvolvimento mais amplo ocorreu na área da
inteligência e não do sentimento, assim explicando o atual estágio de
evolução em que se encontram, rico de conhecimentos e pobre de
edificações
espirituais...
"Periodicamente, por sua vez, o planeta experimenta mudanças
climáticas, sísmicas em geral, com profundas alterações em sua massa
imensa, ou sofre impacto de meteoros que lhe alteram a estrutura,
tornando-o mais belo e harmônico, embora as destruições que, na ocasião,
ocorrem, tendo sempre em vista o progresso, assim obedecendo à
planificação superior com o objetivo de alcançar o seu alto nível de
mundo de regeneração
Concomitantemente, a fim de
poderem viajar na grande nave terrestre que avança moralmente nas
paisagens dos orbes felizes, incontáveis membros das tribos bárbaras do
passado, que permaneceram detidos em regiões especiais durante alguns
séculos, de maneira que não impedissem o desenvolvimento do planeta,
renascem com formosas constituições orgânicas. Fruto da seleção genética
natural, entretanto, assinalados pelo primitivismo em que se
mantiveram.
"Apresentam-se exóticos uns, agressivos outros, buscando as
origens primevas em reação inconsciente contra a sociedade progressista,
tendo, porém, a santa oportunidade de refazerem conceitos, de
aprimorarem sentimentos e de participarem da inevitável marcha
ascensional... Expressivo número, porém, permanece em situações de
agressividade e indiferença emocional, tornando-se instrumentos de
provações rudes para a sociedade que desdenha. Fruem da excelente
ocasião que, malbaratada, os recambiará a mundos primitivos, nos quais
contribuirão com os conhecimentos de que são portadores, sofrendo, no
entanto, as injunções rudes que serão defrontadas. Repete-se, de certo
modo, o exílio bíblico de Lúcifer e de seus comparsas, no rumo de
estâncias compatíveis com o seu nível emocional grosseiro, onde a
saudade e a melancolia se lhes instalarão, estimulando-os à conquista do
patrimônio de amor desperdiçado
na rudeza, e então lutarão com afã para a conquista do bem.
"Ei-los, em diversos períodos da cultura terrestre, desfrutando
de chances luminosas, mas raramente aproveitadas, cuja densidade
vibratória já não lhes permite, por enquanto, o renascimento em o novo
mundo de regeneração." O emissário silenciou suavemente e repassou os
olhos luminosos pelo imenso auditório mergulhado em quietude e reflexão,
absorvendo-lhe cada palavra, logo prosseguindo:
"As moradas do Pai são em número infinito, mantendo, como é
compreensível, intercambio de membros, de modo a ser preservada a
fraternidade sublime, porquanto, aqueles mais bem aquinhoados devem
contribuir em benefício dos menos enriquecidos de momento. A sublime lei
de permutas funciona em intercâmbio de elevado conteúdo espiritual.
"Da mesma forma que, da nossa Esfera, descerão ao planeta
terrestre, como já vem sucedendo,
milhões de Espíritos enobrecidos para o enfrentamento inevitável entre o
amor abnegado e a violência destrutiva, dando lugar a embates
caracterizados pela misericórdia e pela compaixão, outros missionários
da educação e da solidariedade, que muito se empenharam em promovê-las,
em existências pregressas, estarão também de retorno, contribuindo para a
construção da nova mentalidade desde o berço, assim facilitando as
alterações que já estão ocorrendo, e sucederão com maior celeridade...
"Nesse sentido, o psiquismo terrestre e a genética humana
encontram-se em condições de receber novos hóspedes que participarão do
ágape iluminativo, conforme o egrégio Codificador do Espiritismo
referiu-se em sua obra magistral A Gênese, constituída por todos aqueles
que se afeiçoem à verdade e se esforcem por edificar-se, laborando em
favor do próximo e da sociedade como um todo.
"Desse modo, qual
ocorre em outros Orbes, chega o momento em que a Mãe-Terra também
ascenderá na escala dos mundos, conduzindo os seus filhos e aguardando o
retorno daqueles que estarão na retaguarda por algum tempo, porquanto o
inefável amor de Deus a ninguém deixa de amparar, ensejando-lhes
oportunidades de refazimento e de evolução.
"Nesse inevitável esforço, estaremos todos empenhados,
experienciando a vivência do amor em todas as suas expressões, formando
um contingente harmonioso e encantador.
"Ninguém que se possa eximir desse dever que nos pertence a
todos, individual e coletivamente, porquanto o Reino dos Céus está
dentro de nós e é necessário ampliar-lhe as fronteiras para o exterior,
dando lugar ao Paraíso anelado que, no entanto, jamais será dentro dos
limites territoriais da organização física.
"A realidade que somos, Espíritos imortais em essência, tem a
sua origem e
permanência fora das limitações materiais de qualquer mundo físico, que
poderia não existir, sem qualquer prejuízo para o processo da evolução.
Nada obstante, quando o Criador estabeleceu a necessidade do
desenvolvimento nas organizações fisiológicas, à semelhança da semente
que necessita dos fatores mesológicos para libertar a vida que nela jaz,
razões ponderosas existem para que assim aconteça, facultando-nos
percorrer os degraus que nos levam ao Infinito..."
Novamente fez uma pausa em a narrativa, ensejando-nos
reflexionar e introjetar as informações, de certo modo, algumas
conhecidas e outras em primeiro plano, enquanto vibravam peculiares
ondas de paz e de alegria.
Olhando, em volta,
notamos os semblantes docemente envoltos em discreta claridade
decorrente da alegria que exteriorizavam, da esperança de também poderem
contribuir em favor da Era Nova.
Continuando com a
mesma tonalidade musical, esclareceu:
– Qual seria, então, a razão por que deveriam vir espíritos de
outro Orbe, para o processo de moralização do planeta? Primeiro, porque,
não tendo vínculos anteriores como defluentes de existências
perturbadoras, não enfrentariam impedimentos interiores para os
processos de doação, para os reencontros dolorosos com aqueles que
permanecem comprometidos com o mal, que têm interesse em manter o atraso
moral das comunidades, a fim de explorá-las psiquicamente em perversos
fenômenos de vampirização, de obsessão individual e coletiva...
Estrangeiros em terras preparadas para a construção do progresso,
fazem-no por amor, convocados para oferecer os seus valores adquiridos
em outros planos, facilitando o acesso ao desenvolvimento daqueles que
são os nacionais anelantes por felicidade.
Segundo, porque mais adiantados moralmente uns, podem contribuir
com exemplos
edificantes capazes de silenciar as forças da perversidade e
obstaculá-las com as forças inexcedíveis do sacrifício pessoal, desde
que, as suas não são as aspirações imediatas e interesseiras do mundo
das formas. Enquanto outros estarão vivenciando uma forma de exílio
temporário, por serem desenvolvidos intelectualmente, mas ainda
necessitados da vivência do amor, e em contato direto com os menos
evoluídos, sentirão a necessidade do afeto e do carinho, aprendendo, por
sua vez, o milagroso fenômeno da solidariedade. Tudo se resume,
portanto, no dar, que é receber e no receber, que convida ao doar.
"A fim de que o programa seja executado, neste mesmo momento, em
diferentes comunidades espirituais próximas à Terra, irmãos nossos,
procedentes de nossa Esfera, estão apresentando o programa a que nos
referimos, de forma que, unidos, formemos uma só caravana de laboriosos
servidores, atendendo as determinações do
Governador terrestre, o Mestre por excelência.
"De todas essas comunidades seguirão grupos espirituais
preparados para a disseminação do programa, comunicando-se nas
instituições espíritas sérias e convocando os seus membros à divulgação
das diretrizes para os novos cometimentos.
"Expositores dedicados e médiuns sinceros estarão sendo
convocados a participarem de estudos e seminários preparatórios, para
que seja desencadeada uma ação internacional no planeta, convidando as
pessoas sérias à contribuição psíquica e moral em favor do novo período.
"As
grandes transformações, embora ocorram em fases de perturbação do orbe
terrestre, em face dos fenômenos climáticos, da poluição e do
desrespeito à Natureza, não se darão em forma de destruição da vida, mas
de mudança de comportamento moral e emocional dos indivíduos,
convidados uns ao sofrimento pelas
ocorrências e outros pelo discernimento em torno da evolução.
"À semelhança das ondas oceânicas a abraçarem as praias
voluptuosamente, sorvendo as rendas de espumas alvas, os novos obreiros
do Senhor se sucederão ininterruptamente alterando os hábitos sociais,
os costumes morais, a literatura e a arte, o conhecimento em geral,
ciência e tecnologia, imprimindo novos textos de beleza que despertarão o
interesse mesmo daqueles que, momentaneamente, encontram-se
adormecidos.
"Antes, porém, de chegar esse momento, a violência, a
sensualidade, a abjeção, os escândalos, a corrupção atingirão níveis
dantes jamais pensados, alcançando o fundo do poço, enquanto as
enfermidades degenerativas, os transtornos bipolares de conduta, as
cardiopatias, os cânceres, os vícios e os desvarios sexuais clamarão por
paz, pelo retorno à ética, à moral, ao equilíbrio... Frutos das paixões
das criaturas que
lhes sofrerão os efeitos em forma de consumpção libertadora, lentamente
surgirão os valores da saúde integral, da alegria sem jaça, da harmonia
pessoal, da integração no espírito cósmico da vida.
"Como em toda batalha, momentos difíceis surgirão exigindo
equilíbrio e oração fortalecedora, os lutadores estarão expostos no
mundo, incompreendidos, desafiados por serem originais na conduta, por
incomodarem os insensatos que, ante a impossibilidade de os igualarem,
irão combatê-los, e padecendo diversas ocasiões de profunda e aparente
solidão... Nunca, porém, estarão solitários, porque a solidariedade
espiritual do amor estará com eles, vitalizando-os e encorajando-os ao
prosseguimento.
"Todo pioneirismo testa as resistências morais daquele que se
atreve a ser diferente para melhor quando a vulgaridade predomina, razão
pela qual são especiais todos esses que se dedicam às experiências
iluminativas e libertadoras. Nunca, porém, deverão recear, porque o
Espírito do Senhor os animará, concedendo-lhes desconhecida alegria de
viver, mesmo quando, aparentemente, haja uma conspiração contra os seus
superiores propósitos.
"O modelo a seguir permanece Jesus, e a nova onda de amor trará
de retorno o apostolado, os dias inesquecíveis das perseguições e do
martirológio que, na atualidade, terá características diversas, já que
não se podem matar impunemente os corpos como no passado... Isso não
implica que não se assaquem acusações vergonhosas e se promovam
campanhas desmoralizadoras contra eles, a fim de dificultar-lhes o
empreendimento superior. Assim mesmo, deverão avançar, joviais e
estóicos, cantando os hinos da liberdade e da fé raciocinada que
dignificam o ser humano e o promovem ao cenário interior.
"Trata-se, portanto, de um movimento que modificará o planeta para melhor, a
fim de auxiliá-lo a alcançar o patamar que lhe está reservado. "Quem não se entrega à luta, ao movimento, candidata-se ao insulamento, à morte...
"Assim sendo, sob o comando do Cancioneiro das bem-aventuranças,
sigamos todos empenhados na lídima fraternidade, oferecendo-nos em
holocausto de amor à verdade, certos do êxito que nos está destinado.
"Louvando, portanto, Aquele que nos convidou, misericórdia solicitamos."
Quando terminou a eloquente explanação apresentava lágrimas nos olhos que não se atreviam a romper-lhes as comportas...
O governador geral da nossa comunidade acercou-se-lhe e o abraçou carinhosamente, qual desejávamos todos fazer.
(...) Ato contínuo, conduzido pelo nosso administrador, o emissário retornou ao tubo de luz e diluiu-se delicadamente.
"Observem que aos 48 segundos do vídeo surge um rastro de luz muito instigante."
contribuição da companheira Graci Helena Aguiar Silva, Caçapava-SP
No final de 1908, Zélio Fernandino de Moraes, um jovem rapaz com 17 anos de idade, que preparava-se para ingressar na carreira militar na Marinha, começou a sofrer estranhos "ataques".
Sua família, conhecida e tradicional na cidade de Neves, estado do Rio de Janeiro, foi pega de surpresa pelos acontecimentos.
Esses "ataques" do rapaz, eram caracterizados por posturas de um velho, falando coisas sem sentido e desconexas, como se fosse outra pessoa que havia vivido em outra época.
Muitas vezes assumia uma forma que parecia a de um felino lépido e desembaraçado que mostrava conhecer muitas coisas da natureza.
Após examiná-lo durante vários dias, o médico da família recomendou que seria melhor encaminhá-lo a um padre, pois o médico (que era tio do paciente), dizia que a loucura do rapaz não se enquadrava em nada que ele havia conhecido.
Acreditava mais, era que o menino estava endemoniado.
Alguém da família sugeriu que "isso era coisa de espiritismo" e que era melhor levá-lo à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza.
No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa.
Tomado por uma força estranha e alheia a sua vontade, e contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, Zélio levantou-se e disse:
"Aqui está faltando uma flor".
Saiu da sala indo ao jardim e voltando após com uma flor, que colocou no centro da mesa.
Essa atitude causou um enorme tumulto entre os presentes.
Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios.
O diretor dos trabalhos achou tudo aquilo um absurdo e advertiu-os com aspereza, citando o "seu atraso espiritual" e convidando-os a se retirarem.
Após esse incidente, novamente uma força estranha tomou o jovem Zélio e através dele falou:
_"Porque repelem a presença desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens.
Será por causa de suas origens sociais e da cor ?"
Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura.
Um médium vidente perguntou:
_"Por quê o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados?
Por quê fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz?
E qual o seu nome irmão?
_"Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim, não haverá caminhos fechados."
_"O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior.
Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida.
Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761.
Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como caboclo brasileiro."
Anunciou também o tipo de missão que trazia do Astral:
_"Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, às 20 horas, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou.
Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados.”
O vidente retrucou:
_"Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto" ? perguntou com ironia.
E o espírito já identificado disse:
_"Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei".
Para finalizar o caboclo completou:
_"Deus, em sua infinita Bondade, estabeleceu na morte, o grande nivelador universal, rico ou pobre, poderoso ou humilde, todos se tornariam iguais na morte, mas vocês, homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte.
Porque não podem nos visitar esses humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas socialmente importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além?"
No dia seguinte, na casa da família Moraes, na rua Floriano Peixoto, número 30, ao se aproximar a hora marcada, 20:00 h, lá já estavam reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos.
Às 20:00 h, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de atuação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra, poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social.
A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste culto, que teria por base o Evangelho de Jesus.
O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto.
Sessões, assim seriam chamados os períodos de trabalho espiritual, diárias, das 20:00 às 22:00h; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito.
Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava:
UMBANDA – Manifestação do Espírito para a Caridade.
A Casa de trabalhos espirituais que ora se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolheu o filho nos braços, também seriam acolhidos como filhos todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto.
Ditadas as bases do culto, após responder em latim e alemão às perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou a parte prática dos trabalhos.
O caboclo foi atender um paralítico, fazendo este ficar curado.
Passou a atender outras pessoas que haviam neste local, praticando suas curas.
Nesse mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu aparelho e com palavras de muita sabedoria e humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com os presentes à mesa dizendo as seguintes palavras:
"_ Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá."
Após insistência dos presentes fala:
"_Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nego."
Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade.
Uma pessoa na reunião pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde:
"_Minha caximba. Nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda mureque busca."
Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião.
Foi Pai Antonio também a primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usadas pelos membros da Tenda e carinhosamente chamada de "Guia de Pai Antonio".
No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na rua Floriano Peixoto.
Enfermos, cegos etc. vinham em busca de cura e ali a encontravam, em nome de Jesus.
Médiuns, cuja manifestação mediúnica fora considerada loucura, deixaram os sanatórios e deram provas de suas qualidades excepcionais.
A partir daí, o Caboclo das Sete Encruzilhadas começou a trabalhar incessantemente para o esclarecimento, difusão e sedimentação da religião de Umbanda.
Além de Pai Antônio, tinha como auxiliar o Caboclo orixá Malé, entidade com grande experiência no desmanche de trabalhos de baixa magia.
Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens do Astral Superior para fundar sete tendas para a propagação da Umbanda.
As agremiações ganharam os seguintes nomes: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia; Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição; Tenda Espírita Santa Bárbara; Tenda Espírita São Pedro; Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge; e Tenda Espírita São Gerônimo.
Enquanto Zélio estava encarnado, foram fundadas mais de 10.000 tendas a partir das mencionadas.
Embora não seguindo a carreira militar para a qual se preparava, pois sua missão mediúnica não o permitiu, Zélio Fernandino de Moraes nunca fez da religião sua profissão.
Trabalhava para o sustento de sua família e diversas vezes contribuiu financeiramente para manter os templos que o Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou, além das pessoas que se hospedavam em sua casa para os tratamentos espirituais, que segundo o que dizem parecia um albergue.
Nunca aceitara ajuda monetária de ninguém era ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele.
Ministros, industriais, e militares que recorriam ao poder mediúnico de Zélio para a cura de parentes enfermos e os vendo recuperados, procuravam retribuir o benefício através de presentes, ou preenchendo cheques vultosos.
"_Não os aceite. Devolva-os!", ordenava sempre o Caboclo.
A respeito do uso do termo espírita e de nomes de santos católicos nas tendas fundadas, o mesmo teve como causa o fato de naquela época não se poder registrar o nome Umbanda, e quanto aos nomes de santos, era uma maneira de estabelecer um ponto de referência para fiéis da religião católica que procuravam os préstimos da Umbanda.
O ritual estabelecido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas era bem simples, com cânticos baixos e harmoniosos, vestimenta branca, proibição de sacrifícios de animais.
Dispensou os atabaques e as palmas.
Capacetes, espadas, cocares, vestimentas de cor, rendas e lamês não seriam aceitos.
As guias usadas são apenas as que determinam a entidade que se manifesta.
Os banhos de ervas, os amacis, a concentração nos ambientes vibratórios da natureza, a par do ensinamento doutrinário, na base do Evangelho, constituiriam os principais elementos de preparação do médium.
O ritual sempre foi simples.
Nunca foi permitido sacrifícios de animais.
Não utilizavam atabaques ou qualquer outros objetos e adereços.
Os atabaques começaram a ser usados com o passar do tempo por algumas das Tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas a Tenda Nossa Senhora da Piedade não utiliza em seu ritual até hoje.
Após 55 anos de atividades à frente da Tenda Nossa Senhora da Piedade (1º templo de Umbanda), Zélio entregou a direção dos trabalhos as suas filhas Zélia e Zilméa, continuando, ao lado de sua esposa Isabel, médium do Caboclo Roxo, a trabalhar na Cabana de Pai Antônio, em Boca do Mato, distrito de Cachoeiras de Macacu – RJ, dedicando a maior parte das horas de seu dia ao atendimento de portadores de enfermidades psíquicas e de todos os que o procuravam.
Em 1971, a senhora Lilia Ribeiro, diretora da TULEF (Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade – RJ) gravou uma mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, e que bem espelha a humildade e o alto grau de evolução desta entidade de muita luz. Ei-la:
"A Umbanda tem progredido e vai progredir.
É preciso haver sinceridade, honestidade e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo.
O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem.
É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas casas fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração do homem que fala à mãe de terreiro.
É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa.
Umbanda é humildade, amor e caridade – esta a nossa bandeira.
Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil:
Caboclos de Oxossi, de Ogum, de Xangô.
Eu, porém, sou da falange de Oxossi, meu pai, e não vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão. Meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda.
Meus irmãos: meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas começou antes dos 18.
Posso dizer que o ajudei a casar, para que não estivesse a dar cabeçadas, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a nossa Umbanda.
A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que saíram desta Casa.
Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso.
Assim o Pai determinou.
Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe, este espírito que viria traçar à humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade.
Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas; que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares.
Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar.
É dos Evangelhos.
Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria.
Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas".
Zélio Fernandino de Moraes dedicou 66 anos de sua vida à Umbanda, tendo retornado ao plano espiritual em 03 de outubro de 1975, com a certeza de missão cumprida.
Seu trabalho e as diretrizes traçadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas continuam em ação através de suas filhas Zélia e Zilméa de Moraes, que têm em seus corações um grande amor pela Umbanda, árvore frondosa que está sempre a dar frutos a quem souber e merecer colhê-los.
Neste imóvel, localizado na rua Floriano Peixoto, nº 30, em Neves, Niterói – RJ iniciou-se a religião de Umbanda, anunciada no dia 16 de novembro de 1908, pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Cabana do Pai Antônio - Neste espaço Umbandista, Zélio Fernandino de Moraes dava segmento aos trabalhos caritativos, através do iluminado e querido Preto Velho Pai Antônio. Localizava-se em Boca do Mato, Distrito de Cachoeiras de Macacu – RJ.
Zélia e Zilméa de Moraes Filhas do saudoso Zélio Fernandino de Moraes, na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, localizada na Rua Teodoro da Silva, nº 997 – RJ