"A morte é a mudança completa de casa sem mudança essencial da pessoa". Chico Xavier

domingo, 26 de outubro de 2008

Moral Estranha

Quem não odeia seu pai e sua mãe
Se alguém vem a mim e não odeia a seu pai e a sua mãe, a sua mulher e a seus filhos, a seus irmãos e irmãs, mesmo a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. - E quem quer que não carregue a sua cruz e me siga, não pode ser meu discípulo. - Assim, aquele dentre vós que não renunciar a tudo o que tem não pode ser meu discípulo. (S. LUCAS, cap. XIV, vv. 25 a 27 e 33.)

Abandonar pai, mãe e filhos
Aquele que houver deixado, pelo meu nome, sua casa, os seus irmãos, ou suas irmãs, ou seu pai, ou sua mãe, ou sua mulher, ou seus filhos, ou suas terras, receberá o cêntuplo de tudo isso e terá por herança a vida eterna. (S. MATEUS, cap. XIX, v. 29.)

Não vim trazer a paz, mas, a divisão
9. Não penseis que eu tenha vindo trazer paz à Terra; não vim trazer a paz, mas a espada; - porquanto vim separar de seu pai o filho, de sua mãe a filha, de sua sogra a nora; - e o homem terá por inimigos os de sua própria casa. (S. MATEUS, cap. X, vv. 34 a 36.)

Estudando esse capítulo pensei muito nessas palavras e me perguntei como Jesus tendo sido o modelo de conduta, de amor, de fraternidade poderia tê-las proferido?

Se as interpretarmos ipsis litteris veremos que há contradição entre a palavra e o exemplo. Mas para chegar a essa conclusão foi necessário questionar, comparar, pensar e, principalmente, sair de certos conceitos estabelecidos, ou se preferir, “pré-conceitos”.

Devemos interpretar “Quem não odeia seu pai e sua mãe” como Quem ama mais seus pais do que a mim, não pode ser meu discípulo; assim como também abandonar, aqui não significa deixar só, desemparado, mas sim, ter claro que a verdadeira vida e os verdadeiros tesouros advém da vida do Espírito e para alcançá-los é necessário trilhar o caminho das experiências, individualmente.

Assim como “não vim trazer a paz, mas a espada” não siginifica trazer a violência, mas a divisão porque a verdade gera conflitos, faz cair por terra conceitos que não mais se sustentam perante essa verdade.

Quando entendemos o verdadeiro significado vemos que Jesus não disse nada contrário ao que exemplificou.

Esses pensamentos me levaram a questionar se a compreensão, o comportamento está mudado em nossos dias.

Ao ler o capítulo intitulado PRECONCEITO do livro RENOVANDO ATITUDES, de Francisco do Espírito Santo, ditado por Hammed, onde descreve a passagem de Zaqueu o publicano, Lucas 19:1-10, chamou-me atenção um parágrafo:

(...) Ter preconceitos é, pois, assimilar as coisas com julgamento preestabelecido, fundamentado na opinião dos outros.

Realmente estamos livres de preconceitos ?

Quando olhamos para o nosso próximo, e para nós mesmos estamos isentos de julgamentos?

Como podemos compreender, aprender e apreender os ensinamentos de Jesus se não nos vemos
como Espíritos que somos, Espíritos com corpos cursando a divina escola terrena?

E isso faz diferença? Sim, muita!

Se nos compreendemos como Espíritos, imortais, passamos a compreender que nossas encarnações são como livros, e que a cada encarnação escrevemos um novo volume, ou seja, tudo o que fazemos, pensamos, criamos, refletirá em nosso futuro, próximo e distante.

Compreendendo-nos como Espíritos entendemos que assim como eu, meu próximo, também está buscando crescer, evoluir, e, assim como eu, ele tem virtudes e defeitos. Assim sendo, eu deixarei de ter “pré-conceitos” e o verei como um ser em cosnstrução, respeitando suas limitações, assim como desejo ser respeitado. Aí está a aplicação da máxima “Amai o próximo como a ti mesmo”.

Mas para me amar eu preciso me conhecer, porque só damos o que temos, nada mais que isso.

É necessário o exercício do autoconhecimento, do auto-amor, somente quando, realmente nos conhecermos entenderemos o próximo, suas limitações, suas fraquezas, aí sim passaremos a desenvolver e praticar a empatia e, nos tornaremos mais tolerantes, mais amorosos e fraternos.

E como me conheço? Busquemos nos refolhos de nossa alma os sentimentos, os pensamentos, os desejos, mas sem censuras. Aí começaremos a nos conhecer realmente. Essa prática não nos deve levar a culpa, a autopunição, mas deve ser praticada sim, para o nosso desenvolvimento, porque em essência somos perfeitos, mas estamos imperfeitos. Fomos criados simples e ignorantes à imagem e semelhança de Deus, e Ele sendo perfeito jamais criaria obras imperfeitas.

Cabe a cada um de nós buscar efetivamente essa perfeição através do autoconhecimento e da reforma íntima.

E assim, como Zaqueu o publicano, deixaremos de ser carvão e nos transformaremos em diamantes a irradiar a luz do Sol.

Que a paz do nosso Divino Mestre nos envolva, hoje e sempre!

Marcelo Fávero