"A morte é a mudança completa de casa sem mudança essencial da pessoa". Chico Xavier

terça-feira, 19 de abril de 2011

VIOLÊNCIA NA ESCOLA

Amigos vários nos têm escrito solicitando que digamos algo em torno do acontecimento que, nos últimos dias, abalou o Brasil, quando mais de uma dezena de crianças foram mortas numa escola do Rio de Janeiro.

Lamentamos profundamente o ocorrido e nos solidarizamos com as famílias que foram diretamente vitimadas.

No entanto, temos percebido que o assunto tem sido tratado de maneira superficial por alguns órgãos de comunicação, que, explorando os efeitos, abriram manchetes, sem se deter na análise das causas que motivaram a chacina.

Opiniões apaixonadas têm sido emitidas, com o infeliz criminoso sendo rotulado de “animal”, “monstro”, “pervertido”, e outras terminologias através das quais a sociedade costuma destilar o seu ódio e ignorância sobre as pessoas que se fizeram instrumento de seu descaso em relação aos seus próprios filhos.

Advirto aos apressados que não compareço nestas linhas tomando a defesa de ninguém em particular – estou escrevendo em defesa de nossa própria espécie, ameaçada de extinção por nós mesmos!

Sei que os espíritos das crianças que foram sumariamente executadas estão sob a tutela espiritual dos que por elas se interessam e, no Mais Além, embora os traumas que lhes ficarem por sequelas, exigindo tratamento, a vida para cada uma delas haverá de seguir de acordo com os inelutáveis Desígnios do Criador.
Infelizmente, porém, o rapaz, de pouco mais de vinte anos de idade, não foi o primeiro e nem será o último “assassino em série” que os homens, com a sua indiferença social, e espiritual, têm produzido.

Antes de ser chamado de “animal”, “monstro” e “pervertido”, a verdade é que ele deveria ser considerado na condição de um espírito profundamente enfermo, que se desenvolveu a mercê das circunstâncias adversas: filho de mãe esquizofrênica, vítima de chacotas dos colegas na própria escola em que cometeu tamanho desatino, extremamente suscetível a influencia de natureza obsessiva, em conexão com o fanatismo religioso, e vai por ai afora...

Ele, pois, em minha opinião, deve ser visto como uma resultante moral da própria sociedade enferma e hipócrita, que faz de conta que tudo está bem, quando, em verdade, quase nada está bem.

Este jovem que, conforme dissemos, era filho de uma senhora doente deveria estar sendo psicologicamente assistido pelo Estado, que, na própria escola em que ele estudou, teve oportunidades inúmeras para fazê-lo, e não o fez.

A semelhança dele, quantos poderão estar em gestação neste exato momento, recebendo incentivos ao crime, inclusive, através da impunidade generalizada que impera no País e, convenhamos, das imagens muito pouco educativas que a Televisão divulga sem escrúpulos a qualquer hora do dia ou da noite?

E os cépticos de plantão ainda questionam onde é que estava Deus, que não evitou que aquelas crianças fossem imoladas...

Sem a pretensão de respondê-los, mesmo porque não adiantaria muito, digo-lhes que Deus estava e está extremamente ocupado tentando deter o braço marginal de milhares de outros doentes que, neste exato momento, no mundo todo, estão prestes a cometer o mesmo ato tresloucado, desde se precipitar com aviões sobre as Torres Gêmeas, em Manhattan, quanto descarregar revólveres sobre alunos indefesos da Escola Municipal “Tasso da Silveira”, em Realengo, no Rio de Janeiro.

E como não havia ninguém por perto, antes e nem depois, a fim de anular o ímpeto criminoso daquele espírito perturbado, que ninguém sabe quando há de voltar à sanidade para se redimir de seus erros, Deus também teve que se valer, com certeza muito a contragosto, da pronta ação de um policial nas imediações para impedir que o desastre atingisse maiores proporções.

Miseráveis somos nós que, sobre a Terra, a proteção de Deus, em benefício dos homens que não se respeitam e não se protegem, tem que ser vista no gatilho de um revólver!...


INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 19 de abril de 2011.



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